quarta-feira, 6 de junho de 2007

Amor de cão

Produz um fedorzinho que é de acordar,
do sono grudado nos bigodes.

Também as extremidades ficam aquecidas,

o que provoca tenro chulé.

Me espera o dia todo voltar do lavoro
e nos odores reconheço
a fidelidade
daqueles que esperam sem cansar
por um afago e ração úmida, como fosse prêmio e manjar.


Isto era pra ser um poema
um poema de amar

como apenas os cães,
nos odores e esperas,
sabem dar.

Mas minhas rimas pueris
junto com o polegar desenvolvido
me fazem menor
do que é capaz
um cão de doar.

*
Virginia Woolf, em "Flush - o diário de um cão", revela os mistérios da existência sob a ótica do melhor amigo do homem.

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