quinta-feira, 15 de maio de 2008

A leveza e o peso

Não pretendo pesar menos que um travesseiro nem patrolar a existência. A leveza e o peso é um capítulo de 'A insustentável leveza do ser', de Milan Kundera. Li em 2005, acho, e se aplica totalmente ao que vivo hoje.

Veja:

"Para um amor se tornar inesquecível é preciso que, desde o primeiro momento, os acasos se reúnam nele como os pássaros nos ombros de São Francisco de Assis."

E aqui não me refiro à posse a que o amor está ligado, o amor esse das convenções sociais, dos protocolos que ficam hermeticamente sustentados pela cerquinha branca, que guarda o carro na garagem da casa parcelada em êne prestações. Falo do amor possível, dos momentos e de, depois deles, continuar limpando o banheiro dos gatos, escrever, ir pro escritório e escovar os dentes, mesmo que a noite anterior tenha sido legal.

O amor é o encontro. E a espera também, mais o sem-fim de acontecimentos que sucedem os lençóis amarfanhados. Mesmo que não dê em nada, porque aquele momento foi bacana. Não. Não estou sendo reducionista. Assim é o mundo dos adultos: cartesiano. E justo esses encontros fazem do mundo um lugar mais fofinho.

(Incidental: eu gosto de sentir frio quando estou feliz)

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