terça-feira, 6 de novembro de 2007

A isso chamamos amor

Minha chaga do peito não escondo. Levaram meu maior amor e nem deixaram que eu me acostumasse. É como se eu tivesse habituada a andar sobre três pernas e gangrenassem duas. Foi sem pedir licença e quando desesperei, nem Deus, nem Rivotril, nem amigos, nem dinheiro, nem análise, nem fumo, nem sono, nada! À merda! Mas amor de pai não morre, antes, é além do tempo-espaço. Tive raiva de Deus. Pena de mim. Me sentia tonta, inflamaram-se os labirintos e a bússola da vida tava bebum.

Ainda não passou: não ligo nada na tomada, minha
s tripas doem antes de ir passear em lugares além da Província Sangre, não quero subir até o Cristo Redentor, não posso nascer de parto normal. Acumulo lixo na área de serviço, sempre sobra um feijãozinho no meu prato, o vento me lambe quando quer e eu gosto, não sei pregar um botão. Amputaram duas das minhas três pernas quando meu pai morreu, mas engano bem.

Aprendo que a saudade é uma homenagem de
amor, especialmente, àqueles que se foram.

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