terça-feira, 23 de outubro de 2007

Hipóteses da afeição ou Como fosse mesmo um dia depois de outro dia

Talvez eu tenha um filho teu. E ponha para dormir pedaços da noite lavados por nossas enchentes.

Talvez tu ache que teremos mais vinte minutos, enquanto o tempo nem existe.

Talvez eu passe a descrever essa ruga insistente ao redor do teu olho esquerdo e mesmo eu queira fazer um Carnaval porque tu não disse Amor, bom dia.

Talvez a gente não tenha uma música, mas uma sinfonia de huns e ãns, estribilhos de nossas asneiras.

Talvez eu passe o dias tamborilando os dedos na mesa, esperando um telefonema teu ou ainda ache encanto no teu jeito tosco.

Talvez tu me dê a mão quando eu sentir medo e eu não aceite por arrogância.

Talvez eu compre uma casa pro nosso amor morar. Quem sabe eu fuja, porque não sei um jeito de amar.

Talvez a gente nem monte no lombo do cavalo louco. E na manada sigamos, normalmente.

Talvez eu costure os botões da tua camisa ou rasgue ela inteira, pois nunca tive nem tenho maneiras.

Talvez tu me queiras somente para assuntos de alcova e toucador. E de bônus receba uma criancinha birrenta, que precise dumas palmadas.

Talvez eu te cante meu menino e já seja tempo de despejar teu sorriso num copo d'água, no armarinho do banheiro.

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